VIAGEM LOUCA A VILA DO CONDE

4ª Feira, dia 23 de Setembro de 2009.

O Belenenses completa os seus 90 anos.

Nesse mesmo dia, às 20h35m, a nossa equipa joga com o Rio Ave, para a Taça da Liga.

São 17h. Do Estádio do Restelo, sai uma carrinha da Fúria Azul, com 8 adeptos, de Lisboa, Linha de Sintra, Margem Sul e Ericeira. A viagem foi rápida, apesar da necessidade de uma estranha "espera por", e tudo indicava uma chegada em cima da hora do jogo começar. Mas eis que alguém se engana, já perto do destino, e o pessoal só entra no Estádio já com uns 10 minutos de jogo. Ali, encontravam-se já cerca de 20 belenenses da zona Norte.

São 18h15m. Algures na Zona da Expo, há meia hora que dois Furiosos aguardam ansiosa e desesperadamente dois outros companheiros retidos em obrigações bulinais. Mais 5 minutos e eis que então aparecem e se juntam os 4. Faltam 2h15m para o jogo começar, a 330 km de distância...

Apesar de tudo, contra o bom senso (talvez o tal que - disse o Hermínio Loureiro - o ano passado, na mesma Taça da Liga, transformou "média de golos" em "diferença de golos e em caso de igualdade quem marcou mais", transformação feita às 2h da manhã por "ninguém", e nos pôs fora da prova), decide-se rapidamente tentar ir para Vila do Conde, mesmo perdendo os minutinhos iniciais.

Mas a saída de Lisboa é difícil, e às 18h35m, ainda antes da A1, toma-se uma decisão que considerámos "realista": é impensável fazer uma média de 165 km hora, e o melhor é ficar por cá, jantarmos juntos a ver o jogo. E invertemos a marcha.

No entanto, o inconformismo, a tal falta (?) de bom senso (?), o amor ao Belenenses, o espírito "ultra" e a camaradagem, falaram mais alto. Deu-se a volta a uma rotunda, coisa sempre pequena..., mas que com o trânsito levou mais 5 minutos, e aí vamos. São 18h40m. A ideia era andar alguns kms e fazer o balanço, de se valia a pena, lá para a frente.

Os primeiros 20 kms são difíceis, há muito trânsito, e é difícil passar dos 110/120. Mas, aos poucos, pode começar a acelerar-se, e ao cabo de 30 minutos, estavam andados quase 80 km; ao fim de uma hora, mais de 160 km. Já não dá para desistir. O carro voa, galga kms, e já ninguém pensa sequer em voltar para trás. Não há nem uma paragem (nem para comer; nem para beber; nem para mijar; nem para cagar) e à hora de começo do jogo, estamos na portagem dos Carvalhos. Um telefonema para um companheiro de Vila do Conde (há corações que palpitam com o azul em todo o lado!) dá-nos a melhor rota; mas também há muito trânsito à saída do Porto. Depois, a 10 km do estádio, as bexigas não aguentam mais. Enfim, aos 30 e tal minutos de jogo, estamos à entrada do estádio. Saudamos e somos saudados pelos outros belenenses ali presentes (fazemos um total de 3 dezenas), sentindo uma vez mais que, aí onde se juntam adeptos, está a alma do clube.

Quando temos tempo de olhar para o jogo, o Belenenses dispõe de um livre perigoso, seguido de um canto. Pareciam bons prenúncios para quem chegava. Mas, logo depois, em cima já dos 45m, o Rio Ave faz o seu golo.

Mal sabíamos, sobretudo os que a tão duras penas tínhamos chegado, que o resultado ficaria por ali. Mas ficou mesmo. E não foi por falta de oportunidades. De facto, na segunda parte, o Belenenses, mesmo sem jogar nada de especial, cercou a área adversária (total de 47 ataques no jogo!), criou várias oportunidades de golo iminente, mas desperdiçou-os incrivelmente. Por vezes, parecia quase impossível falhar. Porém, foi o que aconteceu. E em futebol ganha quem marca. Não marcámos. Perdemos.

E havia que regressar e tentar que fosse o menos tarde possível. Mais ainda quando uma Furiosa e um Furioso começavam no dia seguinte novo trabalho, bem cedo... e convinha terem a cabeça fresca. De alguns companheiros nortenhos despedimo-nos à saída do Estádio, outro ficou ainda connosco a jantar. Depois... foi vir por aí baixo. Funcionaram os revezamentos a conduzir e a coisa lá se fez. A carrinha foi ainda fazer a sua distribuição. Toda a gente se deitou a altas horas, alguns a altíssimas... e sem sequer um golinho para consolação.

Mas pronto, fica para a história. E, mais uma vez, com poucos ou muitos, longe ou perto, tarde ou cedo, com bons ou maus resultados, a Fúria Azul esteve presente!