MORREU FELICIANO - A ÚLTIMA TORRE DE BELÉM

Morreu ontem Feliciano. Desaparece uma das primeiríssimas figuras de sempre do nosso clube, que gozou, no seu tempo de jogador, de extraordinária admiração e popularidade, quer pela sua valia individual, quer por integrar as lendárias Torres de Belém, juntamente com Capela e Vasco (e, segundo alguns, também Serafim). Os embates entre as Torres do Belenenses e os Violinos do Sporting marcaram uma época do Futebol Português.

Feliciano representou o Belenenses desde 1938 e 1954, e a sua ligação ao clube fez-lhe recusar propostas financeiramente aliciantes, inclusive de Espanha. O coração falou mais alto! Estreou-se na equipa principal em 29 de Setembro de 1940 e teve a sua festa de despedida em 5 de Setembro de 1954 (no mesmo dia, estreou-se Vicente). Foi assim companheiro, além das restantes Torres, de jogadores míticos do nosso clube, como Mariano Amaro, José Simões, Matateu e José Pereira.

Feliciano foi Campeão Nacional em 1945/46 e Campeão de Lisboa em 43/44 e 45/46. Ganhou a Taça de Portugal de 1942, e foi finalista em 1941 e 1948. Esteve na inauguração do Estádio do Real Madrid, em 14 Dezembro de 1947 - fazia 63 anos no dia da sua morte.

Contribui em muito para a solidez defensiva do Belenenses. Por alguma razão a defesa azul foi a melhor nos Campeonatos de 40/41, 42/43, 45/46, 46/47 e 47/48 e a 2ª melhor em 41/42, 44/45 e 51/52.

Representou a Selecção Nacional por 14 vezes. Um desses jogos, com a França, em que havia 5 jogadores do Belenenses a titular, foi uma das razões que levou a imprensa daquele país a considerá-lo o melhor defesa central da Europa.

Curvamo-nos respeitosamente perante a morte de Feliciano. Fica a saudade e a gratidão pelo que representou no Belenenses.