AUGUSTO SILVA - Um dos nossos Maiores

Quantos clubes em Portugal contaram nas suas fileiras com o jogador mais vezes internacional, ao serviço do Belenenses?

Apenas 4: Benfica, F.C.Porto, Sporting e Belenenses. Naturalmente. Logicamente. Porque, para quem não é ignorante, são os 4 clubes que marcaram época, que fizeram pioneirismo e ocuparam posições cimeiras durante muito tempo seguido.

No Belenenses, esse jogador foi Augusto Silva. Faz hoje anos que se tornou o jogador Português com mais presenças na Selecção Nacional de Futebol. E ocupou essa posição durante nada mais nada menos do que 16 anos, entre 1934 e 1950. Nenhum jogador português manteve essa distinção por mais tempo.

Augusto Silva não tem, no Belenenses, o estatuto de mito que associamos a Pepe e Matateu, a Vicente e Amaro, ao fundador Artur José Pereira. Mas é uma injustiça. E não é só pelo que, representando o nosso clube, fez ao serviço da Selecção. Nesta, que capitaneou vários jogos, teve os seus momentos de maior brilho em Amsterdão e na Itália, onde fez furor. Bastaria, contudo, o que conquistou ao serviço do Belenenses para ser colocado no pedestal que merece. Senão, vejamos:

Enquanto jogador, ao serviço do Belenenses, foi 3 vezes Campeão Nacional / de Portugal (e 2 vezes vice-campeão) e 4 vezes Campeão de Lisboa. Quando abandonou a carreira como futebolista, o Belenenses era o mais poderoso clube de futebol em Portugal - por tudo o que tínhamos feito até então, e apesar de todas as oposições e perseguições que sofreramos. E aqui, esclareça-se de vez: isso já acontecera antes de Salazar (que nunca teve absolutamente nada a vez com o Belenenses) chegar à chefia do governo, e muito antes de Américo Tomás sonhar ser presidente da República. Aliás, no anterior regime, o que nos "ofereceram" foi tirar-nos dois-estádios-dois.
Mas Augusto Silva deu mais ao Belenenses, agora como treinador: em 1946, conduziu-nos à conquista do Campeonato Nacional (sendo o 1º treinador Português a conseguir tal feito). Na mesma época, também nos tinha levado a conquistar o Campeonato de Lisboa - que, na época, era de imensa importância.



Os novos-ricos virão com a treta de que o passado está nos museus. Bem, há museus e museus; o nosso é imenso, outros bem pouco têm a mostrar. Em todo o caso, há um erro: o passado está, sempre, em todos nós, pessoas e instituições. O que somos hoje é a soma e a síntese de tudo o que fomos. A nossa grandeza ou pequenez, o valor das nossas vidas, vale por tudo o que fazemos, noa soma dos momentos bons e maus. Só "putos" deslumbrados ou deprimidos podem pensar de outra maneira.

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem!!!

Vitor Barbosa Gomes disse...

Excelente post de recordação dum grande entre os Belenenses. Concordo em absoluto com o que acima foi escrito: é duma grande injustiça um certo esquecimento duma grande figura do Belenenses e do futebol nacional. Todos devemos de vez em quando olhar um pouco para trás e homenagear recordando, as figuras marcantes no museu da nossa vida.

Ultrá disse...

É por isto e por muito mais que somos grandes e digo que esta equipa que temos actualmente envergonha o nosso nome.

Alentejano disse...

O Belenenses adormecido, anestesiado mesmo.
Até Sempre, Grande Augusto Silva!