1 – Acompanhas o teu clube enquanto membro da
claque há quanto tempo? Que recordações tens dos teus primeiros jogos na Curva?
O que fez com que fosses para a Máfia Vermelha?
R: Entrei para o grupo em 2005, no segundo ano de
existência.
Tudo começou por influência de um amigo, apesar de
ser Leixonense desde que me lembro. Esse amigo que me incentivou a ir para a
Máfia estava a tentar que houvesse um forte apoio no voleibol e começou tudo
aí, primeiro voleibol depois futebol e até hoje a defender o clube da minha
terra.
2 – Qual é a postura
da Máfia Vermelha, relativamente à moda que se adivinha ser cada vez mais usual
nos dias de hoje, o denominado: Estilo Casual?
R: Na Máfia há espaço para todos, cada elemento é livre
de ter as suas ideias, o importante é estarmos unidos com um único objetivo que
é apoiar o Leixões.
3 – Como vês a forma como a comunicação social marginaliza os
grupos organizados em Portugal?
R: Na minha opinião o importante para a comunicação
social é ter audiências, e como infelizmente neste país só o que é mau é que
interessa, então o que eles fazem é dar ênfase às situações menos boas, que por
vezes surgem, o problema é que assim é mais complicado mostrar às pessoas que
ser ultra não é ser drogado, bêbado, violento etc.
4 – Que importância tem para vocês enquanto
grupo, a realização de tifos num grupo ultra? Quais consideras ser os vossos
melhores tifos ao longo destes anos?
R: Sem dúvida que uma das melhores formas de
incentivo numa curva é a realização de um tifo e para nós é muito importante
passar a mensagem quer seja de apoio, de protesto etc.
Um tifo que para mim foi muito importante e recente,
foi a homenagem que fizemos a um senhor que viveu para o Leixões que deu nome à
formação do clube que é um exemplo de Leixonismo, o Sr. João Faneco que faleceu
o ano passado, a tifo tinha a sua imagem e dizia "os símbolos nunca
morrem, Faneco vive".
Também a tifo
que fizemos no primeiro jogo da primeira liga foi para mim importante, porque o
nosso estádio estava em obras e tivemos de jogar no Bessa, e como foi um tifo
que marcava o nosso regresso à principal liga Portuguesa ficará sempre na
memória.
É complicado estar a escolher pois foram tantas
as tifos que considero espetaculares
5 - Sentes que existem dificuldades em passar
os valores e ideais, e incutir a tradição Ultra aos mais novos, tendo em conta
o actual panorama Ultra em que o nosso país vai vivendo?
R: Sem dúvida, existem muitas barreiras e uma delas é a
comunicação social, o mundo ultra tem um rótulo tão mau que fica complicado
tentar passar ideias aos mais novos, talvez não por eles mas pelos pais que não
querem os filhos no meio dos "bêbados e drogados" que é como somos
vistos por muitos infelizmente. Atualmente e felizmente na Máfia até temos um
grupo mais jovem com mentalidade e que são uma grande ajuda na tentativa de
passar a mensagem a outros jovens.
6- Como é que olhas e analisas o actual
Movimento Ultra em Portugal?
R: A meu ver ainda é preciso mudar muito as
mentalidades, continua tudo virado para os três grandes e então em Portugal não
se pensar em apoiar os clubes da terra, nunca irá haver competitividade nem nas
bancadas nem nos relvados. Noto que já se fala mais em apoiar o clube da terra
mas ainda há muito trabalho pela frente. Em relação à repressão policial
continua tudo na mesma somos demasiado controlados e não falta abuso de poder.
Em Portugal existem grupos muito bons e estou
convencido que todos juntos iremos conseguir ter mais liberdade.
7 - Olhando para trás, que diferenças encontras no vosso
grupo? Houve evolução? As coisas já estiveram melhores? Como avalias o momento
actual do grupo?
R: Considero que fomos mais fortes, mas também já
estivemos pior, infelizmente como em todo lado algumas pessoas vão e voltam
consoante o momento do clube, mas nesta altura apesar das dificuldades da
equipa até estamos bem. Atualmente temos muito sangue novo com mentalidade e
com eles prevejo um futuro risonho para o grupo.
8 - Muito se tem falado de duas questões muito
importantes, Legalização e Pyro, qual é a tua opinião em relação a ambas as
questões?
R: Não sou a favor da legalização mas se legalizados
sofremos repressão, se não o formos fica muito difícil dar um apoio como deve
ser ao clube. Já sofremos na pele uma forte repressão na nossa própria casa,
tudo nos era barrado nem crianças podiam entrar no estádio com material do
grupo foi muito complicado, por isso em benefício do clube para podermos apoiar
como gostamos é preferível estar legalizado e isso não impede de lutarmos
contra.
Em relação à pirotecnia, para mim é uma forma
fantástica de dar apoio a equipa dá muita vida numa curva. É preciso conseguir
uma forma de ser permitido, melhorava e muito as curvas portuguesas.
9 - Na tua opinião qual será a melhor forma de
combater o futebol moderno (repressão, preço dos bilhetes, horários de jogos, etc)?
Acreditas que seja possível um protesto em conjunto no nosso país? O vosso
grupo estaria disponível?
R: Na minha opinião era necessário reunir os grupos e
estabelecer formas de combate a este futebol, pois só todos juntos poderemos
mudar algo.
Penso que o nosso grupo estará sempre disponível
para melhorar o futebol e o mundo ultra.
10 – Quais os grupos portugueses que admiras
actualmente… e Porquê ?
R: Gosto muito da Mancha Negra e dos South Side Boys
porque já tive o privilégio de privar com ambos e são grupos com grande
mentalidade, originalidade e muito fiéis.
11– Quais os grupos que tem amizade? Tem alguma
recordação engraçada dos convívios com esses mesmos grupos?
R: Os mesmos grupos que referi na pergunta anterior.
Uma situação engraçada foi à pouco quando recebemos
a Académica, fizemos um convívio com a Mancha Negra e no fim fomos para o nosso
estádio no autocarro da MN e ver a reação da polícia e dos restantes adeptos
foi muito engraçado, ninguém estava a perceber nada do que se passava.
12- Diz-nos qual a tua opinião, no que diz
respeito á Fúria Azul enquanto grupo ultra?
R: É um grupo com muita história que merece respeito,
são muito fiéis aos seus ideais e ao seu clube. É um grupo que tem muito para
dar ao panorama ultra em Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário